Mas não basta aperfeiçoar os métodos. É preciso também repensar os objetivos e as metas.
Se melhoramos os métodos sem revisão das metas, corremos o risco de ter grande eficácia em alcançar uma meta negativa. A eficácia na destruição.
Com essa consciência, no livro Os Limites da Crença, Epaminondas imagina como seria o mundo se Deus tivesse promovido dez bênçãos no Egito e não as dez pragas, como Moisés narrou na Bíblia. As metas de Deus ou de Moisés eram diferentes das metas de Epaminondas. Ainda hoje há muitos religiosos que se inspiram nas pragas do Egito para liderar multidões em direção a suas metas.
Pergunto aos pais de família, às lideranças empresariais, aos professores, especialmente professores religiosos:
– Seus liderados, adultos e crianças, cuidarão melhor da vida:
- se forem orientados a ter medo e a ameaçar, ou
- se forem orientados a respeitar o outro e buscar o bem comum?
Se preferem o medo e a ameaça, as dez pragas da Bíblia são uma referência. Se preferem respeitar o outro e buscar o bem comum, as dez bênçãos propostas por Epaminondas podem nos inspirar a rever e corrigir metas ancestrais. Observe.
O povo hebreu, escravo no Egito, crescia, a ponto de preocupar o faraó. Imaginando que os hebreus poderiam alcançar poder para combater os egípcios, o faraó determinou que fossem mortos todos os recém-nascidos do sexo masculino filhos de hebreus. Na Bíblia, quando a matança acontecia, Moisés foi salvo. Anos depois, ele é escolhido por Deus para liderar a libertação do povo judeu da escravidão no Egito. Isso se realiza por meio das Dez Pragas do Egito.
Pela narrativa de Epaminondas, Manoel e Lourival, no livro Os Limites da Crença, não acontece a matança de crianças. Inspirado na bondade e nos poderes de Deus e sendo os filhos presentes de Deus, Epaminondas sugere a primeira benção. Uma bênção já com o objetivo de evitar mortes de crianças.
Primeira bênção: Deus só presenteia com a concepção quando há situação saudável para criar o filho. Não acontecendo a gravidez, nenhum bebê seria morto.
Porém, Epaminondas percebe que ainda haveria desconfiança entre os povos. Então, para promover a paz entre os povos, é preciso uma segunda bênção.
Segunda bênção: promoção da consciência e entendimento dos direitos e necessidades dos outros. Assim, os hebreus podem voltar a gerar filhos.
Isso significa mais bocas a alimentar. É preciso expandir as plantações. Sendo capaz de transformar o rio em sangue, gerar grande quantidade de rãs, piolhos, moscas e gafanhotos, Deus é capaz de criar muita matéria orgânica para fertilizar o solo.
Terceira bênção: fertilidade do solo. O solo fértil está pronto para receber as sementes.
Uma ventania divina passa entre as folhas das florestas equatoriais da África e leva milhões de sementes de árvores frutíferas para o deserto do Saara, realizando-se a quarta bênção: semeadura.
Quinta bênção: chuva mansa, que umedece o solo sem provocar estragos.
Sexta bênção: Micro-organismos, aves e animais vão chegando à medida que o deserto passa a ser mais amigável aos seres vivos. Nesse mundo selvagem, de grande diversidade de seres vivos, era preciso um grande exemplo.
Deuses e demônios passam a andar juntos, colaborando um com o outro, cuidando e não estragando o mundo, resolvendo as desavenças entre eles, que tanto mal já haviam feito para a vida neste planeta.
É a sétima bênção: paz no céu e no inferno, entre céu e inferno, entre Deus e o diabo. Com esse bom exemplo, a paz na Terra é automática.
Oitava bênção: respeitar a vida. Com o objetivo de não acontecer de madeireiros resolverem derrubar as matas do Saara, como fizeram com a Mata Atlântica e estão fazendo com a Floresta Amazônica.
Nona bênção: ciência. Para que as pessoas aprendam física, química e biologia e entendam o mundo e a vida. É a promoção do entendimento.
Décima bênção: justiça. Não haverá mais morte de inocentes no lugar de pecadores.
Epaminondas pode imaginar as dez bênçãos porque desde a infância teve amizades e influências que lhe mostraram que a paz e o respeito ao outro é uma boa orientação para se viver. Essa consciência orientou sua imaginação de um Deus que inspira amor. Um Deus amável.
O Deus bíblico optou pelas pragas porque a meta dele era diferente. Ele queria impor o temor, sua meta era se tornar um Deus temível. Tanto que, por vezes, Deus endureceu o coração do faraó, de modo que ele voltasse atrás na decisão de libertar os hebreus. Deus já havia avisado Moisés que faria isso, antes de começar as pragas:
Êxodo 4:21
O SENHOR disse a Moisés: — Quando você voltar ao Egito, trate de fazer diante de Faraó todos os milagres que pus em sua mão. Mas eu vou endurecer o coração de Faraó, para que não deixe o povo ir.
Moisés deveria ter recusado participar dessa promoção do temor. Poderia ter convencido Deus de que não é correto endurecer o coração das pessoas.
É por causa dessa conduta que ainda hoje há pessoas submissas dizendo-se temente a Deus, no equívoco de que isso seja saudável. Ainda hoje há a opressão de lideranças ameaçadoras, seguindo e exemplo de Deus das dez pragas.
Substituindo os objetivos e metas de impor o temor para objetivo e metas de promover o respeito ao outro, podemos promover um mundo melhor no presente e para as futuras gerações.