Haverá uma década em que o sobrinho chegará aos 58 anos e Manoel estará muito fraco ou mesmo morto. Manezinho não terá mais o tio lhe indicando o caminho. Por si mesmo, terá de olhar o futuro e decidir se continua no mesmo percurso ou se envereda por ruas transversais. Para isso, espelhando-se em Deus bom, o filho de Adão vai superar os limites da crença que forjaram a índole do pai.
No começo dessa caminhada, precisa suspender a descrença. Condição para observar, perguntar e pensar na busca do entendimento. O entendimento dos motivos que levaram as pessoas a definir dogmas que limitam Deus, como um bonsai cultivado em bandeja.
Em antigas escrituras foram contidos fragmentos de Deus, bloqueando a visão e o pensamento de quem segue cada religião. Durante séculos e séculos, na restrição de ouvir o outro, de dialogar com o outro e de trabalharem para o bem comum, muitos seres humanos não percebem que o fragmento que veneram pode não ser um Deus bom, pode não ser boa referência para a conduta humana.
Para que consigam enxergar além de um fragmento, é preciso romper os limites da crença.
Ao comparar os fragmentos de Deus, poderemos perceber com mais clareza as contradições entre os dogmas consolidados em cada religião, em suas várias subdivisões. Podemos, assim, sem mistérios, ter mais facilidade de nos entendermos como seres vivos, aplicando a inteligência humana para o bem comum, na religião, na política, nos costumes.
Respeitando e preservando a vida no mundo, em toda sua biodiversidade.